O fim do mundo

Chegou novembro e o “fim do mundo” se anuncia.
Parece que tudo vai acabar em dezembro e novas pessoas, novos fatos e uma nova vida vai brotar em janeiro. Entendo o símbolo do recomeço e da renovação. Realmente é uma sensação boa de baterias recarregadas e de esperança para os próximos 12 meses. Mas, sempre escuto, quando começa o mês de novembro, o famoso “deixa para o ano que vem” ou “ ano que vem eu começo”, como se fosse possível parar o tempo e recomeçar 2 meses depois. Este tempo não volta e se você quer mudanças, 2 meses é muito tempo! Dá pra perder uns quilinhos na dieta, dá pra tirar o mofo na atividade física, fazer ajustes importantes no relacionamento, começar um negócio, mudar comportamentos destrutivos e por aí vai. Costumo dizer aos meus pacientes que as modificações de comportamento devem começar imediatamente e as mudanças serão reconhecidas quase que instantaneamente, e vão se solidificando entre 4 e 6 meses depois do início.
Na sociedade contemporânea, o passado perde o poder de determinar o presente; seu lugar é tomado pelo futuro. Dessa forma, algo inexistente, inventado, fictício aparece como causa de uma experiência atual. Tornamo-nos ativos, hoje, para prevenir, aliviar ou tomar precauções contra crises e problemas de amanhã e de depois de amanhã. É necessário projetar o que virá depois a fim de determinar e organizar agora as ações. Esse ponto deve ser enfatizado para prevenir riscos. O futuro deve ser antecipado, de forma a gerar ações preventivas no presente, e isso não tem nada a ver com ansiedade e fantasias do que pode vir acontecer. Há uma crescente dificuldade das pessoas em valorizar o tempo disponível como aquele em que se torna possível a realização de expectativas, o proveito do que se almeja, a expressão de si naquilo que é feito.
Pergunto que relação o sujeito contemporâneo tem com o tempo, que faz com que existam tentativas e crenças em eternizá-lo e como a pressa está inserida nesse contexto. Temos aqui um paradoxo: por um lado, a pressa no acesso aos objetos de consumo; por outro, a necessidade de postergar o encontro com a falta. No discurso hipermoderno, que acredito traduzir a lógica temporal contemporânea, a pressa é justamente para não concluir, para que uma verdade não possa emergir.
As suas ações estão na sua mão. Tudo que você decidir fazer na vida irá gerar alguma consequência, e isso é um fato. Claro que muitas coisas não dependem de você, mas muitos elementos podem sim ser influenciados pelas suas escolhas imediatas. O maior deles é a atitude. Portanto, se você tem condições de trabalhar e focar no seu objetivo, se você sente a dor e está motivado a construir um novo Eu, faça isso! Faça já!
O você do futuro irá te agradecer por isso.