O Eu observador

Pare por um instante o que está fazendo. Deixe sua mente vagar e fique atento aos seus pensamentos aparecendo. Veja como é interessante: podemos observar o que estamos pensando e nos tornar observador dos nossos pensamentos.
Você já percebeu quando está lendo? De repente a mente vaga por uma lembrança de algo que você precisa fazer ou alguém que você precisa ligar e logo, volta a se concentrar na leitura; ou quando vê um filme: algo aparece na tela e você se conecta a alguma coisa que aconteceu no seu dia. Repare que existe uma mente que pensa e também uma mente que percebe o processo de pensar? Este é o Eu Observador.
O conceito do Eu Observador está muito próximo a atenção plena, no estar presente, consciente e observador dos nossos pensamentos, sentimentos, sensações, do nosso comportamento, o que falamos e etc..
Por exemplo: quando observamos nossa respiração é quando nos tornamos observadores de nós mesmos.
Pense no nosso humor: você pode mudar de um estado de irritação para alegre, você pode mudar de frustrado para esperançoso ou você pode se sentir deprimido por algo do passado. São sensações que você não pode mudar, concordam? Portanto você está neste lugar do Eu Observador. Neste lugar não há julgamento. Ele apenas observa, não pensa, não muda, não reflete. Estes pensamentos, emoções e sensações estão lá e você vivência enquanto toca o seu dia. Então, estamos em um exercício de aceitação, de observação, pois nada podemos fazer e por alguma razão, eles somem muitas vezes sem mesmo a gente perceber. A lição é que se não tentarmos desafiá-los ou suprimi-los, seremos menos afetados por eles. Você pode substituir pensamentos como “eu sou um perdedor” para “eu estou pensando que sou um perdedor”. Isso nos ajuda a ser mais objetivos e nos identificar menos com pensamentos perturbadores e percepções distorcidas de nós mesmos, substituindo os pensamentos tóxicos por um lugar de observação, nos tornando mais conscientes e assim, entender que pensamentos são apenas pensamentos e não necessariamente a verdade ou algo tão importante que tenhamos que agir sobre eles. Em vez disso, podemos aprender que os pensamentos são imagens e sons que funcionam como nosso diálogo interior.
Uma boa metáfora para ajudar a entender o conceito é o jogo de xadrez: no jogo, as peças pretas e brancas podem se mover no tabuleiro em todas as direções infinitamente. As peças pretas e brancas estão em uma “batalha”. Imagine que as peças são os seus pensamentos: as peças pretas representam os pensamentos negativos e as peças brancas, representam seus pensamentos positivos. Então toda vez que você tem um pensamento negativo, a peça preta avança. Aí você tenta neutralizar seus pensamentos negativos por algum pensamento positivo, que são as peças brancas em jogo. Por exemplo: você pensa consigo mesmo: “eu sou um idiota, como poderia dizer uma coisa tão estúpida”, é quando a peça preta está se movendo. Em seguida você pensa: “a vai, não foi tão ruim assim, eu fiz a coisa certa”, é a peça branca avançando. Neste jogo, sempre esperamos que as peças brancas ganhem e é isso que fazemos com a nossa mente, mas essa batalha nunca acaba. A ideia é imaginar que o tabuleiro é a sua mente. Ela pode observar a movimentação das peças mas não se envolve no jogo. Ela não julga e não toma partido. Sua mente é o espaço que contém as peças e mantém contato com seus pensamentos, como as peças no tabuleiro. Mas você se torna um observador e menos interessado no resultado. Você se torna o lugar onde os eventos e experiências acontecem sem estar diretamente envolvido.
Então para terminar, sugiro que você faça este exercício em casa: pense em sua mente como um tabuleiro de xadrez e seus pensamentos e sentimentos como as peças em jogo ao longo do dia. Se quiser compartilhar a experiência comigo, é só me mandar uma mensagem.